Misci

Airon Martin é fundador da marca nacional Misci que desenvolve roupas, acessórios e mobiliário inspirados na miscigenação dos elementos estéticos, que considera o maior diferencial na identidade no design brasileiro.

Nascido em Sinop, cidade do Mato Grosso que é parte do território amazônico, foi criado por sua mãe, avó e tias. O seu processo criativo parte da essência dessas mulheres que fazem parte de sua fundação. Desde criança, Airon desenhava vestidos e imaginava as mulheres da sua vida transitando neles. Porém, desviou da moda e iniciou a sua trajetória na faculdade de direito, a qual abandonou pela medicina na busca por se encaixar em um padrão preconcebido de masculinidade.

Após desistir da medicina, Airon se mudou para São Paulo com 21 anos para estudar design no IED. Começou a trabalhar com o design de mobiliário brasileiro – com Paulo Alves e Marcenaria Trancoso – e continuou secretamente desenhando roupas, desconstruindo o homem que ele acreditava que queria ser.

Dessa vez, ao invés de peças femininas, Airon passou a desenhar as peças de roupas que ele gostaria de usar. A Misci nasceu com a vocação de ser um estúdio multidisciplinar de design com a colaboração de amigos e em 2018 se materializou em primeira coleção de vestuário e mobiliário.

A Misci apresentou um novo conceito que inclui vestuário e mobiliário no mesmo processo criativo, partindo da experiência e descobertas do caminho do próprio Airon. Desconstruindo a percepção de gênero com modelagens masculinas representados por mulheres em imagem. A marca ganhou destaque e apoio da imprensa nacional ao propor uma maneira diferente de mesclar moda e estilo de vida com uma visão autoral brasileira. A cadeira misci01, por exemplo, foi projetada a partir do design universal, que sugere que produtos devem ser inclusivos e não adaptativos para os corpos e suas condições.

A Misci propõe um tempo diferente para o lançamento de produtos que transcende o calendário tradicional de moda, respeitando o ciclo de criação do designer, a cadeia produtiva e também os consumidores, acostumados com a velocidade das tendências e consumo.

Com campanhas transgressoras e poéticas, Airon questiona os padrões de comportamento pós-modernos com sutileza e beleza, desconstruídos de qualquer arquétipo. “Quando falamos de economia criativa, não falamos apenas do produto final. É sobre serviço e valorizar um sistema que também faz parte do processo criativo que seja socialmente mais justo e psicologicamente sustentável”.

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