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Desde antes da pandemia, estudos de tendência e futurismo apontam para uma mudança de paradigma, e o futuro da moda não fica fora disso.

A maneira como vivemos e consumimos está em cheque: conhecer e entender processos de trabalho sustentáveis amplia nosso olhar criativo e mostra que é possível transformar por meio de ações concretas, utilizando ferramentas e processos de desenvolvimento de produtos e serviços que respeitem o meio ambiente.

Uma pesquisa da McKinsey & Company reafirma que marcas sustentáveis e os modelos de negócios circulares são o futuro da moda.

“A indústria da moda emite aproximadamente a mesma quantidade de gases de efeito estufa por ano que todas as economias da França, Alemanha e Reino Unido juntas. Em 2030, precisará cortar suas emissões pela metade – ou então ultrapassará o caminho de 1,5 grau para mitigar as mudanças climáticas, estabelecido pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas e ratificado no acordo de Paris de 2015”, McKinsey & Company.

“A cadeia de valor da moda linear tradicional transita para um sistema circular”, Business of Fashion.

Vivemos uma transição, uma mudança e quebra de paradigmas. E agora? A pandemia potencializou ainda mais o que já estava em curso e criou novas demandas para os negócios de moda.

Criatividade e empatia são um imperativo, e as marcas brasileiras têm buscado novas maneiras de trabalhar e cuidar de seus colaboradores. A abordagem circular estimula a inovação e dá significado aos negócios, dando impulso para o desenvolvimento de novos materiais e processos.

O artigo “Uma indústria da moda mais circular exigirá um esforço coletivo”, publicado no The State of Fashion 2021, relatório da indústria de moda global, e co-publicado pelo BoF e McKinsey & Company, apresentou o comprometimento do consumidor e a circularidade como as chaves para um futuro mais sustentável.

“Marcas de luxo estão evoluindo, mais de 75% dos 50 principais players globais de luxo agora estão usando materiais ecológicos, enquanto 75% procuram reduzir embalagens, usar mais energia renovável e reduzir as emissões de carbono”, WGSN.

O que o consumidor quer?

O consumo e futuro conscientes expressam a responsabilidade social do consumidor. “Mais de três em cada cinco consumidores disseram que o impacto ambiental é um fator importante na tomada de decisões de compra”, McKinsey.

E uma maneira promissora para a moda reduzir seu impacto ambiental é ampliar os modelos de negócios circulares, estratégias para reduzir o desperdício e o uso mais eficiente dos recursos. “Quando se trata de proteger o meio ambiente, a indústria da moda sabe que ‘menos é mais’”, quanto menos impacto no planeta, mais benefícios serão gerados para os negócios, as pessoas e o ambiente.

“Apesar dos esforços de alguns participantes, até 12 por cento das fibras ainda são descartadas no chão de fábrica, 25 por cento das roupas permanecem não vendidas e menos de 1 por cento dos produtos são reciclados em novas roupas. Dadas essas métricas, a ação é um imperativo e uma inevitabilidade. Na verdade, a circularidade pode se tornar o maior disruptivo para a indústria da moda na próxima década”, BoF.

A prioridade deve ser definir estratégias circulares, enfrentar os desafios de escalabilidade e tomar medidas para dimensionar soluções.

O desafio do dimensionamento da circularidade é o efeito multiplicador de valor no sistema circular radicalmente diferente do sistema linear. “Em essência, uma única peça de roupa pode criar valor repetidamente – por meio da venda e revenda, aluguel repetido ou sendo vendida, reparada, devolvida, reformada ou reciclada e revendida novamente para reiniciar o ciclo”, afirma a plataforma Business of Fashion.

O dimensionamento da circularidade promove estratégias lideradas por um elenco diversificado de atores e baseadas em três capacidades fundamentais: abraçar o design sustentável- a circularidade começa na prancheta, tecidos e materiais que os designers usam em suas criações, “projetar para o desperdício zero requer inovação de materiais e produtos”; logística reversa crescente – para otimizar a retenção de valor; e apoiar a adoção do cliente – “para consumidores mais jovens nascidos na economia compartilhada, a adoção da circularidade é um passo natural. No entanto, os consumidores mais velhos podem exigir educação e incentivo.”

Em entrevista ao jornal O GLOBO, Oskar Metsavaht, o multiartista, diretor criativo da Osklen, do estúdio OM.art e fundador do Instituto-E (que desenvolve e implementa projetos socioambientais há mais de 20 anos) analisa:

“O que falta é a compreensão do conceito de Desenvolvimento Sustentável Social e Ambiental. A gente esquece que a relação do ser humano com a natureza foi o que levou à evolução civilizatória, com suas conquistas e consequências. Podemos utilizar os recursos naturais para o desenvolvimento econômico, desde que deixemos tudo igual ou melhor do que encontramos para futuras gerações. Minha dica é pensar ASAP, As Sustainable As Possible e As Soon As Possible (em português, ‘o mais sustentável possível’ e ‘o quanto antes’). Ser 100% sustentável de uma hora para a outra não é viável”, Oskar Metsavaht.

Fica claro que a circularidade não é o tipo de revolução que pode ser liderada por alguns, enquanto outros esperam para ver. O esforço deve ser coletivo e colaborativo. E que venham as mudanças.

Ana Khouri e o Projeto Ovo

“‘A mudança não virá se esperarmos por outra pessoa ou em outro momento. Somos aqueles que esperávamos. Somos a mudança que precisamos buscar.’ Esta citação é de Barack Obama. Nós, do Projeto Ovo, adoramos esta citação, pois acreditamos ser da maior urgência nos tornarmos os criadores de nossas vidas e de uma nova realidade, ao invés de sermos vítimas dela.”

Em 2014, a associada Ana Khouri promoveu o Projeto Ovo, uma iniciativa sem fins lucrativos para arrecadar fundos para 80 ONGs brasileiras.

“O projeto OVO faz duas coisas ao mesmo tempo: dá uma nova vida às roupas e ajuda pessoas menos favorecidas por meio da doação de 100% do valor da venda.”

O projeto vende roupas e acessórios de segunda mão na plataforma online, e reverte 100% do valor para causas sociais e ambientais no Brasil.

“O ovo tem significado de renascimento e uma nova vida. Portanto, o nome do projeto. Olhamos para o todo como parte de nós mesmos. E assim, somos um.”

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